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Descaso com a pandemia de Covid-19

Para Lívia, existe um outro ponto que precisa ser levado em consideração. Em 2020, durante a pandemia, algumas detentas foram transferidas de Sobral para o IPF, e isso a preocupa. “Tem outra coisa que quero citar que são as mais de 50 presas que foram transferidas de Sobral, com covid , pra cá. A gente não entende, até hoje, porque essas mulheres foram transferidas para um presídio que já está superlotado, com covid-19 inclusive. Então assim, são várias violações.” ressalta a ativista e dona do canal abolicionista “A voz do cárcere”.

 

Ao conversamos com a defensora pública com atuação no IPF, Dra.Aline Miranda, sobre esse caso, ela acentuou que “a vinda dessas 51 internas de Sobral foi uma surpresa muito grande para a gente, não pelo fato das vagas em si, mas porque havia um decreto e uma determinação no CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que durante a pandemia não houvesse transferência de presos entre unidades prisionais, ou seja, cada unidade cuidava dos seus internos, testavam os seus internos, acompanhavam os sintomas da covid, separando em alas, encaminhando para os hospitais. Então você tinha uma unidade prisional feminina que já tinha casos de covid confirmados dentro dos sistema prisional,  na época era a unidade que mais tinha sido testado positivo para covid era o presídio feminino, hoje não mais, mas na época era, e de repente vem 51 mulheres que não foram testadas de sobral e vieram para dentro do presídio feminino que já estava com com casos de covid, então assim isso foi a nossa maior preocupação.” 

 

 

 

 

E ao ser questionada sobre a comunicação com a Secretaria da Administração Penitenciária do Estado do Ceará (SAP/CE), ela disse: eles argumentaram que elas estavam vindo porque tinham mais condições de ficarem em melhores condições no presídio feminino de Fortaleza do que no de Sobral, que o de Sobral estava em piores condições, essa foi uma das justificativas e aqui também elas seriam mais monitoradas em relação a covid. Além disso, conta que antes das transferidas entrarem em contato com as internas do IPF, elas ficaram de quarentena em uma ala separada e só depois de testadas, puderam estabelecer contato. 

 

Na época, em 2020, a unidade penitenciária feminina possuía capacidade para 710 detentas e abrigava 845. Atualmente, a Dra. Aline Miranda, afirma  que após uma inspeção on-line feita um dia antes de nossa entrevista, 19 de maio, foi informada que esses números mudaram. “Essa capacidade de 700 vagas não é mais, o que nos foi informado é que essa capacidade de hoje é em torno de 950 vagas, isso eu acompanhei ainda, eles acrescentaram pedras - camas de alvenaria que ficam nas celas - se não me engano, duas pedras nas celas das internas, o que aumentou a capacidade. Então, espremeu mais um pouquinho, botou mais duas pedras e aumentou, foi assim que aumentaram a capacidade da unidade com o acréscimo dessas pedras. Eu estive vendo a reforma, vi o acréscimo, as quais foram as pedras, elas ficam bem perto do teto das celas, mas aumentaram essas vagas dessa forma”, afirma. 

 

Apesar de informar sobre esses números atualizados do IPF, no quais ainda não foram publicados, que constam 848 internas atualmente no presídio feminino e  capacidade para  950 vagas, ela comenta que “essas são informações oficiais, isso é o que chega no papel depois de uma assessoria, é uma dado que a gente chama de ‘dado trabalhado’ que ele é a resposta oficial da instituição”. 

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Foto: Divulgação/SES

Foto da página: Reprodução

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